Marcos Siqueira sempre viveu no bioma do cerrado mineiro, na Serra do Cipó, trabalhando diretamente com o solo, pesquisando seus fenômenos naturais e envolvendo-se diretamente com práticas de preservação ambiental. É da observação aguçada e do manejo cuidadoso do tecido cotidiano do local que o cerca e o compõe que o artista retira seus temas. De igual modo, é da terra que vem a matéria natural para produzir os pigmentos com os quais cria sua escala cromática telúrica, composta por tons ocres, verdes, pratas, azuis, pretos, cinzas e vermelhos. Em sua obra, a energia dos elementos que habitam o seu território se revelam nas minúcias e nuances: na singularidade da linha do horizonte, na vegetação característica, nos bichos, no povo, nas festividades, nas atividades laborais, nas brincadeiras, e também nas dinâmicas subjetivas de transformação da natureza e dos sujeitos. Do traço simples mas elegante, dos densos blocos matéricos, e da atmosfera vespertina, surge a invenção que desdobra o exuberante mundo de fora no sensível mundo interior, intangível, tornando tangível o balanço entre a celebração expansiva e a reflexão introspectiva. Ao retratar a si e a sua gente, de modo tão particular—gentil, generoso, e sempre implicado—, Marcos Siqueira atualiza e soma-se com frescor à rica história dos cronistas das ruas envolvidos vitalmente em sua própria obra.

Sem Título, 2023. Pigmento sobre madeira, 90 x 90 cm

Sua exposições individuais incluem: “Horizonte” (2024, Mitre Galeria, Belo Horizonte – Brasil) e “Matutar” (2024, Mendes Wood DM, Nova York – Estados Unidos). Participou de exposições coletivas como “Antônio Obá Finca-pé: histórias da terra” (2025, CCBB Rio de Janeiro, Belo Horizonte (2025); “Dos Brasis – Arte e pensamento negro”, (2024, Sesc Belenzinho, São Paulo – Brasil); “Six Artists”, (2023, Mendes Wood DM, New York – Estados Unidos); “maa” (2023, Mitre Galeria, Belo Horizonte – Brasil); “Extrañar: verbo transitivo direto” (2022, Periscópio (Mitre Galeria), Belo Horizonte – Brasil); “Corpocontinente”(2022, Periscópio (Mitre Galeria), Belo Horizonte – Brasil).