
Manauara Clandestina
- AM
A prática de Manauara Clandestina mobiliza performance, vídeo, fotografia, figurino e objetos para construir uma poética marcada pelos deslocamentos e reinvenções. Suas obras partem de experiências pessoais e coletivas para elaborar crônicas sobre a travestilidade em suas múltiplas dimensões — como identidade, existência política, e fabulação radical. Filha de missionários evangélicos, iniciou suas práticas artísticas ainda na infância, nos cultos pentecostais da igreja. Esse atravessamento entre espiritualidade, rito e representação persiste em sua obra, que opera numa chave íntima e simbólica, entre a rua e o altar, o corpo e a câmera, o desejo e a denúncia. O nome que adota como artista já anuncia as forças que orientam seu trabalho: Manauara evoca o território de origem e a travessia; Clandestina aponta para as violências do apagamento identitário, mas também para a força criativa da migração e do trânsito. Em suas obras a artista combina tecnologia e precariedade, roteiro e espontaneidade, documento e ficção, construindo narrativas que conectam afirmações subjetivas, cultura marginal e laços afetivos em meio às contradições da sociedade contemporânea. Ao remixar materiais — como quem reconfigura elementos encontrados para criar novos trajes —, Manauara Clandestina transforma os resíduos em linguagem para transitar entre mundos e fabular outras formas de existência.

Suas mostras individuais incluem: “Sala de Vídeo: Manauara Clandestina” (2024, MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo – Brasil), “Saltação” (2021, Casa70, Lisboa, Portugal) e “Pitiú de Cobra” (2021, Delirium, São Paulo – Brasil). Participou de importantes exposições coletivas como: “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” (2025, CCBB Salvador – BA; 2024, CCBB Belo Horizonte – MG; 2023, CCBB São Paulo – SP), “Foreigners Everywhere” (2024, 60ª Bienal de Veneza, Veneza – Itália), “Composições para tempos insurgentes” (2024, MAM Rio – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – Brasil), “1ª Bienal das Amazônias” (2023, Belém – Brasil), “El tiempo es una ilusión” (2023, Collegium, Arévalo – Espanha), “Festival Internacional de Cinema de Edimburgo” (2022, Edimburgo – Escócia) e exposição coletiva no IAB-SP – Instituto de Arquitetos do Brasil (s/d, São Paulo – SP).