
Gustavo Speridião
- RIO DE JANEIRO
- 1978
A obra de Gustavo Speridião opera como uma máquina de linguagem e ruído, um campo expandido de reflexão crítica e expressão política. Ao articular pintura, desenho, colagem, instalação, escultura, vídeo e escrita, sua prática é movida por uma atenção profunda à história da arte, aos impasses da representação e à fratura entre imagem e discurso. Com um vocabulário visual carregado de ironia, violência e frontalidade, o artista tensiona o limite entre o anedótico e o panfletário, o gesto impulsivo e a elaboração sintática, construindo composições que funcionam como crônicas do presente e armadilhas semânticas. Sua obra explora as relações entre texto e imagem, mobilizando fragmentos de cultura popular, símbolos do poder, slogans e aforismos num fluxo visual que encena o caos, o delírio e a ruína do mundo contemporâneo. Seus trabalhos incorporam a lógica do garrancho, do remix, do manifesto e da justaposição, instaurando um espaço em que crítica e poesia se fundem como dispositivos de enfrentamento. Sob influência do Kino-Glaz russo e de estratégias modernistas de ruptura, sua produção evoca uma visão aguda e inconformada da arte como campo de luta e desejo — um elogio à queda, ao colapso e à reinvenção constante dos sentidos.
